terça-feira, 14 de setembro de 2010

A vida naquela época

Nasci na comunidade de Ervalzinho, que pertencia ao município de Itapiranga, no dia 10 de novembro de 1946, a parteira fora minha tia. Sou a mais nova de cinco irmãos, meus pais Alberto e Carolina Pohren eram naturais de Montenegro-RS.
Comecei à aula com sete anos em Ervalzinho, na escola Padre João Rick da 1ª à 4ª série. Todos tinham que levar seu lanche, normalmente era: pão com banha, banana, schmia, batata doce assada, ou puxa-puxa. Quando os meninos brigavam eram colocados em uma cadeia, na escola mesmo.
Tive muitas oportunidades para estudar, queria muito ser professora, mas os meus pais eram muito severos e rejeitaram a idéia, pensaram que era melhor ir para a roça, o que aconteceu? Todos os meus sonhos foram rio a baixo.
Então a partir dos meus 11 anos comecei a trabalhar, fazia comida, lavava roupa no arroio, tratava os animais e limpava o colégio. Meu único lazer foi o canto coral desde os 14 anos até hoje. O divertimento aos domingos era fazer um crochê ou bordado. Quando criança a gente brincava muito, as crianças vizinhas se encontravam para brincar nos potreiros ou pátio, como era bonito naquele tempo. Não tem nem comparação com os dias de hoje.
Eu tinha somente um vestido para ir à missa, quando voltava pendurava na parede, pois naquele tempo não existia armário, também não tínhamos calçados, era muito caro.
A minha juventude praticamente não vivi, me casei muito nova, com 18 anos no dia 28 de julho de 1967, com Irineu Friedrich, com quem tive 11 filhos, os dois filhos mais velhos tive em casa, hoje com 44 e 43 anos e os outros nove no hospital.
Quando tinha 27 anos nasceu minha primeira filha, Aurélia no dia 21 de novembro de 1973, faleceu três anos depois com tumor no cérebro, havia sido transferida para Porto Alegre, mas como não tivemos dinheiro para trazê-la para enterrar aqui não tivemos outra escolha e fizemos o sepultamento lá no cemitério da Santa Casa em Porto Alegre. Cinco dias depois minha mãe faleceu com hepatite aguda, somente com 65 anos.
A melhor coisa que pode acontecer foi de eles instalarem luz na comunidade em 1978, o primeiro eletrodoméstico que compramos foi a geladeira, pois muita coisa ia fora como por exemplo o leite.
No dia 08 de fevereiro de 1987 morreu meu pai Alberto, com insuficiência cardíaca, para mim ele foi um exemplo de honestidade, trabalho e além de tudo dedicado a família.
Pelo ano de 2006 me mudei com meu marido para a cidade de Itapiranga no Bairro do Parque, na cidade fizemos muitos amigos e entramos para o coral da Igreja Matriz.
Vivemos um momento difícil quando descobrimos que o 2º filho mais novo estava com câncer na perna, na altura da bacia, hoje podemos dizer que está recuperado.
Tempos depois nos mudamos para a Linha Chácara, onde com expectativas compramos um terreno.
No final do ano de 2007 meu marido começou a sentir fortes dores no peito, muita tosse, mal estar, e fizemos um exame. Em Janeiro de 2008 o recebemos, e o diagnóstico era de câncer pulmonar em estágio avançado, nessa época fomos morar junto com uma filha no mesmo bairro.
Depois de dias e noites no hospital cuidando de meu marido ele chegou a falecer, no dia 22 de abril de 2008.
Mudei-me com minha filha para o Bairro Bela Vista, recomecei minha vida social participando do canto coral e encontro dos idosos, foi onde conheci meu namorado.
Hoje no ano de 2010 estou morando com meu namorado Beno na comunidade de Santa Fé Alta, e tenho 10 filhos, 13 netos, e uma vida muito feliz.
Esse foi um relato da história vivida e contada pela minha vó Helma Cecília Friedrich e escrita por mim Daeana Paula Bourscheid da Turma 63 da Escola de Educação Básica São Vicente e sob a orientação da Professora Cecília Werner Kummer como proposta de “resgate de memórias dos nossos avós”, no ano de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia antes de comentar
Seu comentário só estará disponível após aprovação da administração do blog.
Comentários com insultos ou conteúdos impróprios não serão aceitos.