quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Técnico tetracampeão do Moleque Bom de Bola faz mais do que treinar. Ele encoraja seus atletas a superar desafios da vida


Procurado por jornalistas de Florianópolis, o técnico do Moleque Bom de Bola Daniel Skrsypcsak falou um pouco sobre a história do moleque da E. E. B. São Vicente.

Muito trabalho, superação, confiança e humildade. Esta é a receita do técnico tetracampeão no futebol masculino do Moleque Bom de Bola (MBB), Daniel Skrsypcsak, da Escola São Vicente, de Itapiranga, extremo-oeste de Santa Catarina. O sobrenome - polaco - pode ser complicado de entender, mas as orientações dele dentro das quatro linhas, com certeza não são. Prova disso são os resultados que ele consegue com os adolescentes que lidera.
“Treinamos sempre desde o início do ano, de três a quatro vezes por semana, pois a renovação sempre é grande. Além dessa dedicação, trabalho muito a parte psicológica, fazendo cada um deles acreditar no seu potencial. Dou a mesma importância para aquele que é destaque individual e para aquele que está na equipe e praticamente não joga, mas é peça chave para que os treinamentos aconteçam”, conta o atual campeão na categoria.
A receita está dando certo mais uma vez. A equipe de Daniel já está classificada para a etapa regional. O time irá competir no município de Faxinal dos Guedes, entre os dias cinco e nove de outubro. A classificação, porém, não é sinônimo de descanso.
“Geralmente não somos apontados como a melhor equipe. Ano passado, a diferença técnica era enorme entre nós e a equipe de Biguaçu, mas conseguimos nos superar e vencer. Agora estamos trabalhando muito para chegar bem e quem sabe pela quinta vez consecutiva estar na fase estadual do maior campeonato escolar do Brasil”, diz ele.
Técnico campeão. Escola campeã. Desde que a competição passou a ser realizada por unidade de ensino, a São Vicente conquistou seis títulos estaduais. Além dos quatro masculinos, dois no feminino.
Para Daniel, cada título propicia uma sensação diferente: “É como se fosse a primeira vez, pois a base do grupo sempre muda por causa da idade. Os adversários, os locais, as dificuldades durante o ano fazem com que se valorize ainda mais cada conquista, pois esse resultado é fruto de um somatório de fatores. Participar do moleque é muito bom, pois se consegue realizar, antes de tudo, um trabalho educativo com os meninos. Se esse trabalho é coroado com o título, a sensação é maravilhosa e a emoção toma conta”, descreve.
E a cada nova base, mais cobrança. Como a maioria dos técnicos vencedores, seja no futebol, no vôlei, no basquete, no atletismo... a linha de pensamento de Daniel é a de que se manter no topo é mais difícil do que vencer. “O São Vicente é um nome respeitado no MBB. Em várias edições tivemos uma equipe inferior tecnicamente, porém esse respeito que os adversários têm, fazem com que nossa equipe cresça na competição.”.
Esse respeito também é fruto do envolvimento, como gente grande, por parte dos “pequenos” homens que disputam a competição. Para o técnico, fazer parte desta dedicação é gratificante: “Saber que a cada início de trabalho os guris, os pais e a escola acreditam no projeto e na sistemática utilizada por mim para preparar a equipe faz com que a motivação aumente. Os guris aprendem a ter uma disciplina e rotina de treinos que exigem muito. O bom é que na maioria das vezes fomos recompensados pelo esforço. Muitos chamam de sorte, eu prefiro chamar de trabalho, esforço, dedicação e muita humildade.”.
Ao ser questionado sobre os exemplos de superação individual e coletiva que presenciou durante o tempo em que está à frente do time, o técnico revela: “Todos os anos temos alunos/atletas que residem no interior e para poderem participar dos treinamentos se deslocam a pé ou de bicicleta por vários quilômetros, faça chuva ou faça sol, de três a quatro vezes por semana. Isso eu valorizo muito.”.
E continua: “Mas um fato marcou minha trajetória e os atletas daquela equipe ainda se recordam com emoção: foi no ano de 2003, na fase estadual,em Caçador. Era uma semifinal contra Palhoça. Aos 30 minutos do 2º tempo perdíamos por 2x0. O árbitro deu dois minutos de acréscimo, os reservas já choravam pela iminente eliminação. Nestes dois minutos conseguimos empatar o jogo e levar a disputa para as penalidades. Houve muita comoção de todos os que presenciaram. Antes das cobranças, o mais franzino dos meus atletas pediu para cobrar o primeiro pênalti, para dar confiança ao grupo. Eu autorizei e antes dele ir para o campo, ajoelhou-se, fez o sinal da cruz, tirou um santinho do Santo Expedito de dentro da meia (todos os atletas usavam durante os jogos), colocou na sua testa e foi fazer a cobrança. Converteu e vencemos a disputa por 5x4, nos credenciando para nossa primeira final de estadual”, relembra emocionado.

Quem já teve os pés nas mãos de Daniel
Depois das campanhas vitoriosas no MBB sob o comando de Daniel Skrsypcsak vários atletas passaram pelas categorias de base de diversos clubes. Em 2004, inclusive, ele abriu um núcleo do Figueirense em Itapiranga para possibilitar aos atletas a realização de testes. Um exemplo é o jogador Renan, campeão em 2004 pelo MBB, que atualmente atua na 1ª divisão da Bélgica.
“A sensação de poder dar a atletas que saem de um município pequeno a oportunidade de conhecerem a estrutura de clubes profissionais é gratificante. Torço muito para que isso aconteça. Muitas vezes até os acompanho. Mesmo que, a longo prazo, esse sonho não se concretize, sempre coloco a eles a importância de aproveitar a experiência e saber que tiveram a oportunidade que milhares de garotos dessa idade desejam ter.”

Fonte: Blog do Moleque SV (Uma história de campeões) http://danielskrsypcsak.blogspot.com/

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