terça-feira, 5 de outubro de 2010

Nos Tempos do Vovô

Nasci em Itapiranga, SC em 18/09/1943. Sou Armando um dos cinco filhos de Frederico e Valéria Giehl que eram naturais de Santa Cruz do Sul - RS. Passei a infância com a família. Na escola onde estudava tinha poucos alunos e as classes eram multiseriadas, aprendíamos o essencial, português e matemática. Os professores eram  rígidos, e brincadeiras nem pensar. Quem quisesse continuar os estudos tinha que ir para o seminário. Muitos  que estudavam lá se tornavam  padres. Também não tínhamos merenda, cada um levava a sua e as crianças caminhavam quilômetros para ir à escola.
Aos domingos sempre íamos à igreja, “isso era sagrado.”
Tomávamos banho no chuveiro de balde ou nos lavávamos em bacias, não existia energia elétrica e utilizávamos o lampião a querosene e depois o gás.
Nunca me esquecerei de 1964, quando nevou na nossa região algo que, até então não tínhamos presenciado.
Íamos quase todos os finais de semana nos bailes que começavam ao anoitecer do dia e acabavam quando o outro dia clareava. Por vezes, caminhávamos 5 ou até mesmo 10 kms. Quando chovia enfrentávamos as estradas de terra, as vezes cheias de barro,  por vezes, carregávamos os  sapatos.
Então, quando chegávamos, os integrantes da banda já estavam em cima do palco, prontos para começar a tocar e cantar, até a meia noite, quando tinha o intervalo onde era servido um gostoso café colonial, com salame cozido, cuca e o gostoso refrigerante vermelho. No momento em que os músicos e cantores descansavam por mais ou menos 1 hora, o  público  apresentava seus talentos. Meus irmãos e eu  subíamos no palco para tocar e cantar, todos gostavam e dançavam. Os bailes sempre aconteciam nos domingos à noite.
Foi em um baile que conheci minha esposa Maria. O namoro daquela época era muito diferente do de hoje. Atualmente quando duas pessoas se conhecem, já de cara se beijam, já “ficam” como falamos. Mas antigamente, tudo começava nos bailes, tínhamos que dançar muitas noites para se conhecer, e depois, um ia à casa do outro para conhecer os pais, e também para pedir permissão para namorar. Depois de um longo tempo pegando na mão, aí começavam os abraços, ai o beijo no rosto, depois o famoso “selinho” com a presença dos pais para nada de mais acontecer.
Nos domingos íamos à igreja, após  na casa da namorada. Mas infelizmente nos tempos que vivemos hoje nada é como antigamente.
Que bom seria se tudo fosse como antes quando nos visitávamos com mais freqüência para como falamos hoje “botar as fofoca em dia.” Mas não podemos voltar no tempo e assim sendo, precisamos viver a nossa vida com muita garra e determinação. Hoje as pessoas apenas pensam no dinheiro, no status, não se preocupam  com o lazer, com a educação (respeitar o outro), pensam que estar bem é o que importa. Mas alguém pode ser feliz sem educação, sem diversão? Portanto, viva a vida sem pressa aproveitando ao máximo todas as fases e não esqueça as coisas boas que viveram.   
Atualmente moramos em Tunápolis – SC, tenho duas filhas, dois genros, dois netos e duas netas.
Camille Bertha  Stülp - Turma 64
Entrevistado: Armando S. Giehl , residente em Tunápolis -SC , 67 anos.

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