quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Olimpíada de Língua Portuguesa (classificados)

Categoria 1 - Poema (5ª série)

Raí Adisson Sell
O lugar onde vivo

Itapiranga lugar belo por natureza
Onde contemplamos um rio majestoso.
Município que fascina pela sua beleza
E deixa seu povo muito orgulhoso.

Aqui vive um povo trabalhador
Que respeita os outros e é educado.
Não desiste nunca, pois é batalhador
E para ajudar o próximo é dedicado.

Belas ruas e praças floridas
Cultivando sempre nossos valores.
Onde as vidas são mais coloridas
Sendo preservadas como as flores.

Sentimos orgulho de nossa cidade
Que é destaque pelas suas belas imagens.
E nos proporciona muita felicidade
Onde contemplamos inúmeras paisagens.

 
Categoria 2 - Memórias Literárias (7ª série)
 
Ellen Cristina Reis

De geração para geração

Hoje, aos 66 anos, tenho a história da minha família a contar. Tudo começou na Alemanha, no dia 11 de dezembro de 1843, foi quando meu bisavô nasceu, seu nome: Ferdinand Reis. Viveu por lá até encontrar Maria Rosina Werber, com a qual se casou no dia 27 de novembro de 1871.
No ano seguinte vieram ao Brasil, para o Rio de Janeiro. Do Rio de Janeiro para Porto Alegre foram pelo mar, de navio. De lá, mais aproximadamente 300 km até Santa Cruz do Sul – RS. Não conheciam nada da colônia, então construíram uma serraria – a primeira do município. Ali tiveram 13 filhos. O mais novo era Peter, que nasceu em Linha Nova, no dia 17 de junho de 1877.
No ano de 1901, Peter casou-se com Leocadia Mohr. Moravam em Santa Cruz do Sul e tiveram 4 filhos. Ao crescer Emílio Fernando Reis se casou com Leopoldina Margarida Vogel. Moravam em Santa Cruz do Sul e tiveram 4 meninas. Dali, se mudaram para Venâncio Aires – RS, foi então que nasci, no dia 18 do mês de dezembro de 1943.
Aos meus 6 meses, viemos de caminhão para Porto Novo – Itapiranga, aonde desembarcamos em Beato Roque e de carroça fomos até Linha Popi e ali nasceram mais 4 irmãos. Após 5 anos, nos mudamos para Linha Soledade, aonde resido até hoje.
Brincávamos apenas aos domingos, pois os sábados eram de muito serviço. Trabalhávamos para ter o nosso pão de cada dia. Comprávamos apenas: açúcar, farinha de trigo, sal, erva e querosene, o restante era feito em casa.
Estudei da 1ª série forte até a 3ª série. Estudávamos todos de manhã, sentávamos em um único banco entre 8 à 9 alunos. O lanche era trazido de casa, como: pão com banha e açúcar, ovo frito, etc. Castigos também eram feitos, como por exemplo: arrancar caxumba, ajoelhar-se e às vezes até apanhávamos.
Tivemos muitas dificuldades, geralmente quando estávamos doentes, pois era longe até o mais próximo hospital. Vínhamos de carroça, a cavalo e até por trilhas. Outro problema que passamos, era conseguir nosso próprio terreno, afinal precisávamos para as plantações. O trabalho era manual, com serrotes e machados.
Os bailes eram feitos sempre aos domingos, não podíamos dançar muito perto, caso isso acontecesse a comissão retirava o indivíduo do salão. Serviam: vinho, cuca, salame e café.
Aos meus 20 anos, conheci uma mulher: Anselma Kummer. Namorávamos apenas aos domingos, sempre com alguém ao nosso lado. Casamo-nos no dia 05 de julho de 1968. Todos recebiam a doutrina no dia do casamento.
Em todas as missas, os homens eram obrigados a ir de casaco e as mulheres com saias e blusas longas. Levávamos o rosário e o catecismo bíblico. Nas datas festivas como: Páscoa, dia de São Nicolau e Natal, recebíamos de 2 a 3 balas e bolachas com formatos especiais. Ficávamos felizes, mesmo sem ganhar chocolate.
Em 1976, fui eleito o 1º presidente da comunidade, no dia do meu aniversário. Eu era da comissão organizadora, que construiu a primeira escola, em seguida a única quadra de jogos do município. Após isso, a igreja e por último a estrutura da Associação Desportiva. Foram mais de 40 anos, que a iluminação era apenas com a lâmpada de querosene. Devido a isso o banho era com a seguinte sequência: esquentávamos a água e colocávamos em uma ducha. Depois vieram as lanternas de gás e após longo período veio a energia elétrica.
Com o tempo tudo foi se aperfeiçoando. Tempos antigos, até a natureza era mais bonita, mais florestas e menos poluição, a natureza em si era mais exuberante.
Muitos momentos passaram, muitas lembranças marcaram, muitas tristezas vencidas, graças à Deus, tudo deu certo. Hoje vivo com minha esposa, tenho 8 filhos já casados e 15 netos, todos saudáveis.
A história da família Reis nunca terá um fim. Muitas gerações estão por vir e muitas histórias a contar.
Este relato foi contado por meu avô: Claudino Reis e escrito por mim: Ellen Cristina Reis.

 
Categoria 3 - Crônica (8ª série)
 
Ben-Hur Eidt
O que se pode fazer quando não se tem o que fazer

Sentado, virado, olhando, pensando e atento a cada movimento e detalhe, muitos tentando fazer o mesmo que eu: uma simples crônica. O barulho do local era mínimo, porém não cessava, alguns indagando, outros pensando e outros apenas compartilhando ideias, todos já colocando seus pensamentos no papel e eu estava aqui pensando no que eu estava observando e descrevendo... minha casa. No instante que virei com intuito de buscar alguma inspiração no ar do infinito... virando meu olhar para baixo algo me chamou atenção, quando voltei a mim, avistava a rua e uma cena um tanto estranha, uma mulher talvez um pouco já idosa, arrancava do pequeno colchão de seu filho pedaços de pano e uma malha já oleosa e o algodão com aspecto de algo de dez anos de uso.

Pelo que pude constatar ela estava dividindo o colchão em três partes iguais, uma na qual seu filho que aparentava ter oito anos dormia em sono profundo...

Meus olhos estavam tão concentrados naquela cena que não percebi que meu colega me chamava... havia batido o sinal para o recreio, o que só me toquei quando ele me deu um empurrão para me “despertar”. Fui ao recreio mas minha cabeça ainda estava naquela cena, ao contrário de todos os dias do ano, desta vez estava torcendo para o recreio passar rapidamente...

E passou...

Quando voltei a sala retomei meu texto e meus olhares novamente fixaram-se à cena... A mulher já havia repartido o colchão em três, agora estava sentada em um banco, aparentemente esperando algo ou alguém... 5 minutos... 10 minutos... 15 minutos, de repente um carro estacionou em frente da mulher e de lá desembarcou um casal, cada um com um embrulho coberto de cobertores, entregaram ambos à mulher e o carro disparou...

A mulher se desfez dos cobertores mais grossos revelando o rosto de duas crianças gêmeas de pele negra.

Deitou ambos, cada um em um colchão e tratou-os com imenso carinho. Eu estava hipnotizado, meus olhos não resistiram àquela cena... eu estava abismado, porém, meu colega, o mesmo da outra vez, me deu um “cutucão” e quando observei em volta, a sala me olhava, inclusive o professor, o qual me chamava atenção, meus olhos foram forçados a se desvencilhar da cena...

Ocorreu uma coisa que talvez só eu tivesse o privilégio de ter observado: a bondade do ser humano foi posta em prova e aquela mulher havia passado com imenso mérito da sua!

 
Categoria 4 - Artigo de Opinião (2º ano do Ensino Médio)
 
Daniela Feyh Wagner

E a água vai levar?

Itapiranga, cidade de aproximadamente 16 mil habitantes, situada no extremo-oeste catarinense, às margens do rio Uruguai. É este o lugar que encantou tantos desbravadores vindos da Europa, em busca de um espaço tranqüilo e bom para se viver. E foi aqui que fixaram residência, trilharam sua história, tiveram seus filhos, foram e continuam sendo muito felizes. Muitos desses desbravadores já trabalharam muito e a única coisa que buscam hoje é ter paz e sossego, mas parece que isso não está sendo possível.
Já são cerca de 30 anos de especulação em relação à construção de uma barragem nesta cidade, mesmo que muitas pessoas sejam contra. Como consta no projeto, a implantação da mesma traria muitos empregos, desenvolvimento regional, arrecadação de impostos e muitos outros benefícios ao povo itapiranguense. Porém, muitas famílias teriam que sair de suas propriedades, mas receberiam uma indenização justa. Todavia, não é bem nisso que acredito.
Penso que, com a barragem, terá muitos empregos sim, porém somente para o pessoal especializado, os operários que entendem do assunto. O povo da região não teria chances de trabalhar lá, ou seja, os empregos não trariam nenhuma vantagem. Outro ponto a ser estudado é o desenvolvimento econômico da região, o que de fato poderia acontecer com a arrecadação de impostos por meio dos royalties, que seriam pagos pelo uso das águas.
Outro tópico do projeto da barragem e usina hidrelétrica de Itapiranga é a construção de uma ponte sobre a mesma, que ligaria as cidades de Itapiranga – SC e Pinheirinho do Vale – RS, o que diminuiria o tempo e também o custo da travessia, que atualmente é feita por uma balsa (transporte de veículos, motos) e também por popas (transporte de pessoas).
A maior preocupação dos indivíduos que serão atingidos pela barragem é se receberão uma indenização justa ao abandonarem suas terras, sendo que trabalharam, suaram tanto para conseguirem um lar e agora, terão que deixar tudo. Para muitos, o que mais dói em deixar suas propriedades é o valor sentimental que elas representam, a história ali construída e os momentos vividos. Outras propriedades, como a Igreja de Linha Dourado, Itapiranga, o cemitério da comunidade ficarão submersos pela água. Será que também receberão indenização? E se ganharem, com quem fica o dinheiro?
Na minha opinião, o que de pior vai acontecer com a implantação é o impacto ambiental. Muitas árvores ficarão debaixo d’água, provavelmente aumentará a cerração, entre outros. Essas árvores que ficarão submersas entrarão em um estado de putrefação ( vão apodrecer) e consequentemente morrer. Sendo que a água que será consumida pelos itapiranguenses e outros, virá do lago da barragem, será que teremos que consumir água “podre”?
Assim sendo, considero que estamos muito bem sem uma barragem e se ela for construída, ao que tudo indica, trará muito mais prejuízos e problemas do que se não fosse implantada. Enquanto o interesse dos poucos ricos e dominantes prevalecer, a maioria menos influente sofrerá as consequências. Mesmo não morando perto, ou onde será a construção, serei atingida de alguma forma. Nada posso fazer além de ficar de braços cruzados e ver como acabam com os sonhos de tantas pessoas, pensando que com as indenizações irão pagar tudo o que eles perderão com as águas, como se o dinheiro lhes trouxesse novamente a felicidade.
Mesmo indo morar em outro lugar, esses indivíduos nunca vão se esquecer, de tudo o que viveram, sentiram... e simplesmente, a água as levou.

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